Antes de qualquer análise, devo dizer que não importa quantas mil vezes eu assista esse filme, em todas ele será igualmente doloroso, e em todas eu irei chorar copiosamente, incontrolavelmente, embaraçosamente... Não dá pra ser diferente... só o seria se a lenda a meu respeito de cumprisse e meu coração fosse de fato de pedra...
Mas vamos às reflexões...
O primeiro impulso romântico ao assistir esse filme é me admirar da determinação de Guido em ser feliz. Ele estava decido a viver feliz e fazer felizes aqueles a quem ele ama. Mesmo no lugar que eu considero mais impossível de isso acontecer, assim ele viveu.
É romântico acompanhar sua missão de eximir o sofrimento do outro e encher o seu meio de esperança e força para lutar. Sua criatividade e poder de articulação são impecáveis, assim como sua capacidade de perdão.
Esse amor e determinação são admiráveis até a morte.
Entretanto, o duro de viver a fantasia é ter que contar com a credulidade dos que se submetem à nossa fantasia. A estratégia de Guido só foi bem sucedida porque seu filho lhe era totalmente crente, e lhe obedecia cegamente, ou com muito pouco questionamento. Caso contrário o final não teria sido tão feliz para mãe e filho.
À medida que poupa outro do sofrimento e lhe traz esperança, Guido centraliza o poder de decisão, a responsabilidade e a dor. É uma carga muito grande para se carregar sozinho. Retarda o amadurecimento do filho.
A frustração é inevitável ao imaginr que todos tem o mesmo amor que ele mesmo, ao esperar apoio de onde não virá, pois apenas ele vive a fantasia, enquanto a vida real é mais cruel não só do que ele pinta, mas é ainda mais cruel do que ele julga conhecer.
Creio que a analogia com o campo missionário está clara, e retomando o “e agora?”, temos a fórmula para transformar o panorama de missões:
D+C+BA+P+FxA–S/T=mundoalcançado
determinação + criatividade + boa estratégia + perdão + fé na soberania divina
x amor – sofrimento / todos = mundo alcançado.
Simples assim... exatamente como no filme... hehehe...
P.S.: ainda existem sempre gaivotas e nazistas por aí...