domingo, 5 de dezembro de 2010

"Ninguém pra ajudar?"


Santarém 08/11/10

Meu desejo era estar no Nepal desde agosto. Mas tive que esperar pela liberação do visto, e enquanto ele não sai, vim para o norte do Pará ter um tempo com minha família e servir de apoio aos trabalhos por aqui. E, puxa!  Como esta terra precisa de gente pra trabalhar! Às vezes parece que a igreja se esqueceu desse pedaço do país...

São milhares de comunidades sem Cristo. E muitas recebendo uma mensagem tão adulterada, mercadejada que nem se pode mais chamar Evangelho. É impossível ficar inerte diante de tantas oportunidades de servir, diante de tantos pedidos de ajuda. 

Este fim de semana estivemos em uma cidade chamada Oriximiná, onde um pastor (Lázaro) tem trabalhado sozinho por quase 10 anos para plantar uma igreja presbiteriana, e os frutos tem tartado a aparecer. Pudemos compartilhar a mensagem de salvação com cerca de 40 crianças e adolescentes em três oportunidades.  


Como foi abençoado! Todos atentos, memorizando cada palavra que dizíamos, e correndo para contar aos amigos que não estavam presentes.

No domingo à tarde, uma das mulheres presentes me perguntou: “Vocês são da mesma igreja do pastor?”, e completamente surpresa com minha resposta afirmativa, continuou: “Eu pensei que não tivesse mais ninguém dessa igreja, que fosse só dele. Nunca ninguém veio ajudar.”

Todos ficaram perguntando quando voltaríamos, se não podíamos ir pelo menos uma vez por mês, se não havia ninguém para ir no nosso lugar, e tantas outras perguntas. Foi muito difícil sair dali. E ainda é difícil aceitar que sou só uma e não posso estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.


É...


Será mesmo que depois de 150 anos de História, quase 700 mil membros, a IPB não tem “ninguém pra ajudar”?




quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Preservação

Imagine se de repente alguém descobrisse que a cultura brasileira é única e maravilhosa, e que por isso deve ser preservada. Maravilhoso, não? Pois é... mas imagine ainda que para garantir a preservação de tão bela cultura, alguém tivesse a brilhante idéia de manter todos os brasileiros completamente isolados do resto do mundo para não serem contaminados por nenhum traço de outras culturas?! Genial, não? Olha só que perfeito:

A partir de hoje fica decretado:

1. Nenhum brasileiro pode mais sair do Brasil, e ninguém pode entrar no Brasil. Nem se pode ter notícia alguma do que há no restante do mundo.

2. Nenhum brasileiro pode falar outra língua que não seja o português. Nem pode mais aprender a ler e escrever porque escrita é coisa herdada de Árabe, Egípcio e Chinês.

3. Nenhum brasileiro pode adquirir e utilizar utensílios e tecnologia que não seja brasileira, e se por acaso você já tinha algum destes objetos, serão todos amassados e queimados em uma grande e festiva fogueira. Então dê adeus, aos seus computadores, Ipods, roupas de seda, tênis legais, carros e motos e tudo o mais...

4. Nenhum brasileiro pode mais comer comida que não seja brasileira. Então dê adeus às pizzas, macarrão, kibes, chocolate, strogonofs, hamburgueres, sushis etc...

5. Nenhum brasileiro tem condições de decidir sobre sua própria vida, todos são considerados menores e devem ser tutelados, mesmo que as decisões envolvam exclusivamente sua vida pessoal. Serão nomeadas pessoas apropriadas para decidir sobre sua vida, sua casa e sua terra.

6. Qualquer tentativa de criatividade, inovação e/ou desenvolvimento será sumariamente interditada, antes, pelo contrário todos devem retornar a usos e costumes ancestrais, mesmo que já estejam extintos há séculos. Então vamos começar a pesquisar costumes ancestrais para reimplantá-los.

Então... genial, né? Agora sim, todo brasileiro vai gostar de si mesmo, se valorizar e se sentir especial, não vai?... pfff.. vocês acham que estou de brincadeira??? Pois é exatamente isso o que fazem com dezenas de tribos indígenas no Brasil!!! Mas não pára por aí.

Todas essas regras de “preservação” são impostas a estes grupos, porém, eles continuam expostos a todos os tipos de tecnologia e inovação, sem desfrutá-las. Então enquanto a equipe ali residente, e outros índios da região passeiam em barco a motor, os índios isolados devem remar! Não importa o cansaço, o sol, ou as dores, é bonito remar!

E enquanto os visitantes se empanturram dos mais ricos manjares em frente aos indígenas, eles podem experimentar tais iguarias? Claro que não! Índio só pode comer macaco. Se ele comer qualquer outra coisa vai deixar de ser índio.

E enquanto todos da região pescam usando anzol, os índios tem que bater o timbó, um veneno que mata o rio inteiro para que eles peguem 10 ou 15 peixes. Mas os índios sabem ‘preservar a natureza’ (“ã-ham” matando um rio inteiro com um cipó venenoso), e afinal um anzol é tecnologia demais, vai estragar a cultura!

Vou parar por aqui... mas me digam... que raio de preservação é essa??? O que acontece quando alguém é tratado por tanto tempo como um animal irracional???

Algo aconteceu no último dia 18/10/10! Cerca de 138 índios Zo’é (mais de metade da população da aldeia) que são assim tratados há 20 anos, não aguentaram mais, cansados de serem abusados e humilhados diariamente pelo líder da equipe da FUNAI saíram em busca de respostas.

Conheceram aldeias inteiras onde todos tem acesso ao mais variados tipos de recursos e tecnologia, sem perder sua identidade indígena. Tribos que realmente são valorizadas pelo que são, e não são mercadejadas. Que possuem projetos sérios de educação, desenvolvimento e saúde.

Indignados eles abriram caminho em meio a mata e chegaram até a cidade de Oriximiná para pedir socorro. Uma TV local noticiou o ocorrido e só. Enviaram a Polícia Federal para devolver o grupo para a mata e o caso foi abafado. Polícia pra acuar os índios??? De novo? A polícia devia estar atrás daquele que está sendo denunciado! E não das vítimas!

Por que ninguém quer divulgar o grito de socorro desse povo???!!! Vamos gritar por eles. Aqui vai o link da reportagem ... http://www.youtube.com/watch?v=fG5l3vrLOMA assistam e espalhem antes que as imagens desapareçam, vamos dar voz a este povo que precisa ser GENUINAMENTE preservado.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

INFANTICÍDIO nas Aldeias Brasileiras

Se é normal uma cultura matar seus bebês, não entendo porque não é normal deixar os terroristas explodirem o mundo??? é cultura do mesmo jeito!
ah!... mas matar um bebê no meio do mato não me atinge... agora a bomba do terrorista respinga em mim... realmente muito justo!
que raio de tolerância é essa?!


http://noticias.r7.com/videos/exclusivo-aldeias-indigenas-sacrificam-criancas/idmedia/081f526d82f8899a4d5f5438920fd581.html

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vamos Bater Lata!!!



Aqui estou eu de novo... dessa vez com uma dor maior... uma dor antiga, e que não pode ser só minha...


Nunca me conformei muito com aquela coisa de que “não adianta falar que nada vai mudar”, mas a prova final disso veio este ano. Que maravilha!!! Pela primeira vez o povo cristão brasileiro ergueu a voz e mostrou que não está de bobo-alegre vendo a banda passar.  Mostrou que nossos governantes não podem simplesmente nos ignorar e passar por cima de tudo o que cremos por nos considerar insignificantes demais.  Não! Temos muito o que dizer, e o Brasil vai ouvir.  Não podemos voltar a nos calar e intimidar.


É nesse espírito que quero compartilhar com vocês uma dor profunda, uma dor que já dura 20 anos!!! Uma dor quase solitária, desconhecida e que precisa ser gritada aos quato cantos desse país!

É a dor dos povos indígenas feitos cativos como animais em uma grande jaula, chamada floresta.

Devem se lembrar que quando visitei cada um de vocês, disse que havia sido criada em uma aldeia indígena, e até fiz alguns cumprimentos na língua deste povo.  Pois então, o que não contei a vocês naquele dia, é que este povo está sendo mantido cativo há 20 anos!  E este é apenas um dos tantos outros grupos que recebem o mesmo tratamento.

Na década de 90 a FUNAI retirou a equipe de missionários da aldeia, com o argumento que este contato era prejudicial para o povo.  E desde então eles tem sido mantidos isolados na selva, proibidos de manter contato com qualquer outro brasileiro que não seja cúmplice das pessoas que dominam aquela área.
Porém o tratamento que este povo tem recebido durante todo este tempo é muito semelhante ao que se faz com animais em um zoológico! Recebem comida, cuidados médicos e parecem saudáveis e felizes, enquanto recebem visitantes do mundo todo que tiram fotografias, fazem documentários, escrevem artigos, livros e teorias, exploram sua imagem e lucram às suas custas sem que eles nem saibam o que isso significa!!! 

Este povo tem permanecido em cativeiro, sem direito à escolhas, sem o direito básico de ir e vir, e sem o direito de apreciar o própria cultura (como o fazem os estrangeiros ali) pois sequer sabem o quão são valorizados. Não têm o direito à educação em sua própria língua, muito menos em português, e assim continuam sendo tratados como semi-humanos, gente inferior que não pode gerir a própria vida.  

Eu tinha apenas 11 de idade quando saí de lá... depois disso, já terminei o colégio, fiz faculdade, duas pós-graduações, conheci pessoas e lugares do mundo todo, e nunca deixei de ser brasileira, ou de ser mineira, só por que conheci o que me era diferente! Isso é possível porque me foi ensinado a valorizar o que sou.

Enquanto isso, meus amigos de brincadeiras no rio e na mata não sabem sequer escrever seu próprio nome!!! Não sabem sequer o quanto sua cultura é bela e o quanto eles podem se orgulhar disso. Não sabem que podem inclusive tirar lucro pessoal disso ao invés de sorrir inocentemente para câmeras que vão vender suas imagens em € (euro) sem que eles nunca vejam um centavo desse dinheiro!!!

Mas eles sabem que existe um mundo de recursos e opções que lhe são negados, e não estão felizes com isso. Quando a FUNAI retirou os missionários da aldeia, os índios choravam e diziam para os funcionárioa ali: "Nós não queremos que eles vão embora. Se vocês quiserem morar aqui também, podem ficar, mas não os tire daqui! Essa terra é nossa, e nós escolhemos quem mora aqui." Sabem qual foi a resposta do chefe da expedição? "A opinião de vocês não nos interessa".

A opinião dos donos da terra não os interessa!!! É assim que eles dizem respeitar as populações indígenas e defendê-las???!!!! Ignorando suas escolhas, mantendo-as em cativeiro, e negando-lhes o direito à educação por mais de 20 anos???!!!

Choro enquanto escrevo esta carta, um choro que dói nas entranhas, mas quase não tem mais lágrimas, uma dor que nos consome por muitos anos... e meu desejo é que essa dor seja sua agora também! que você não consiga mais dormir ou orar sem lembrar de pessoas que vivem cativas dentro do nosso próprio país.  Gente da gente, nosso povo!

Temos ouvido que, recentemente, estes índios tem tentado sair da área restrita e têem feito viagens exploratórias para outros territórios indígenas.  Temos ouvido que ficaram indignados ao ver que existem tribos que mantiveram suas origens porém com a liberdade que eles nunca tiveram.  E que quando retornam à aldeia sofrem retaliações por terem tentado sair.

Eles precisam ser libertos! Precisam ser tratados como adultos que são. Precisam ser tratados como cidadãos!!! E nós não podemos ficar calados diante de tanta injustiça. Não podemos ser coniventes com isso. Não podemos ser tímidos. Vamos gritar aos quatro cantos contra as injustiças que se espalham por nosso país!

Tanto se falou sobre o aborto nos últimos dias, mas nosso país está mergulhado em INIQUIDADE e se nos calarmos não somos dignos do evangelho que professamos!

Não fique calado diante do que você vê. O que tem ferido seus olhos e ouvidos onde você vive? Exploração sexual, desrespeito ao indígena, trabalho escravo, infanticídio de bebês nas aldeias, pornografia, acoolismo, delinquência e tantos outros!

Desejo ardentemente que seu coração esteja moído, seu peito sem ar, e seus olhos ardendo diante da iniquidade. Clame contra a iniquidade! Clame contra o povo! Clame ao Senhor! 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A História de Drupati


Ela está sempre alegre e encorajando outras pessoas. Seu sorriso pronto e a entusiástica saudação 'Namaste' dissipa toda mágoa e dor que Drupati sofreu.


A primeira vez que a vi foi durante uma ronda na enfermaria do hospital regional no distrito de Surkhet Nepal. Drupati estava deitada na cama havia quatro meses sofrendo com uma terrível úlcera de pressão (escara). 



Quando ela tinha 19 anos e era recém-casada, foi baleada nas costas por uma patrulha do exército que achou que ela era um membro do movimento rebelde maoísta. 



A bala ficou alojada em sua medula espinhal e, embora o Exército tenha pago pela remoção da bala, ela ficou paralisada da cintura para baixo. A ferida não foi tratada adequadamente antes que ela recebese alta e quando chegou em casa ela piorou gradualmente.



Quatro anos depois, ela foi levada ao hospital regional, mas, devido aos recursos limitados e falta de pessoal treinado, Drupati não pode receber o tratamento que ela precisava. E assim ela foi ficando no hospital sem qualquer esperança. 



Depois de levantar seu histórico, pude passar a Drupati alguns exercícios para as pernas e providenciar que ela fosse transferida para o Hospital e Centro de Reabilitação Green Pastures da INF, onde um cirurgião pode tratá-la. Depois de seis meses, a ferida estava completamente curada e Drupati voltou a Surkhet onde permaneceu na clínica da INF e fez sessões de fisioterapia e terapia ocupacional. 



Ela agora é capaz de sentar-se, vestir-se, fazer transferência para uma cadeira de rodas e mover-se de forma independente. Inicialmente, sua sogra não permitiu que ela voltasse para a casa da família, uma vez que não queria mais uma pessoa dependente dela - no Nepal, espera-se que a a nora assuma a maioria das tarefas domésticas. A família relutantemente concordou que fosse viver no estábulo!



Nós transformamos o estábulo em um ambiente com banheiro (vaso e chuveiro) cozinha adaptados cadeira de rodas. Agora, sua sogra a reconhece como parte da família novamente, e Drupati e seu marido estão novamente vivendo juntos com a bênção da família, ao passo que anteriormente eles queriam convencê-lo a abandoná-la e tomar outra esposa. 



Drupati e seu marido recentemente tiveram um filho. Ela
 teve aulas de costura, e a INF forneceu a ela uma máquina de costura e bancada para possa sustentar-se.

Megan Baxter
Terapeuta Ocupacional
INF - Programa Surkhet

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A vida é bela e a vida missionária...

Antes de qualquer análise, devo dizer que não importa quantas mil vezes eu assista esse filme, em todas ele será igualmente doloroso, e em todas eu irei chorar copiosamente, incontrolavelmente, embaraçosamente... Não dá pra ser diferente... só o seria se a lenda a meu respeito de cumprisse e meu coração fosse de fato de pedra...


Mas vamos às reflexões...

O primeiro impulso romântico ao assistir esse filme é me admirar da determinação de Guido em ser feliz. Ele estava decido a viver feliz e fazer felizes aqueles a quem ele ama. Mesmo no lugar que eu considero mais impossível de isso acontecer, assim ele viveu.

É romântico acompanhar sua missão de eximir o sofrimento do outro e encher o seu meio de esperança e força para lutar. Sua criatividade e poder de articulação são impecáveis, assim como sua capacidade de perdão.

Esse amor e determinação são admiráveis até a morte.

Entretanto, o duro de viver a fantasia é ter que contar com a credulidade dos que se submetem à nossa fantasia. A estratégia de Guido só foi bem sucedida porque seu filho lhe era totalmente crente, e lhe obedecia cegamente, ou com muito pouco questionamento. Caso contrário o final não teria sido tão feliz para mãe e filho.

À medida que poupa outro do sofrimento e lhe traz esperança, Guido centraliza o poder de decisão, a responsabilidade e a dor. É uma carga muito grande para se carregar sozinho. Retarda o amadurecimento do filho.

A frustração é inevitável ao imaginr que todos tem o mesmo amor que ele mesmo, ao esperar apoio de onde não virá, pois apenas ele vive a fantasia, enquanto a vida real é mais cruel não só do que ele pinta, mas é ainda mais cruel do que ele julga conhecer.

Creio que a analogia com o campo missionário está clara, e retomando o “e agora?”, temos a fórmula para transformar o panorama de missões:

D+C+BA+P+FxA–S/T=mundoalcançado

determinação + criatividade + boa estratégia + perdão + fé na soberania divina

x amor – sofrimento / todos = mundo alcançado.

Simples assim... exatamente como no filme... hehehe...

P.S.: ainda existem sempre gaivotas e nazistas por aí...

terça-feira, 20 de abril de 2010

E agora?



Ao assistir ao filme, além das tradicionais risadas ante a tragédia do outro, me peguei em conflito de reflexões acerca do limites entre liderança, prudência, planejamento, organização, ordem e decência e a soberania de Deus, dependência dele, preocupação com o futuro (não andeis ansiosos), autoconfiança e/ou confiança em meus próprios métodos, e por aí vai...


Posso acusar o líder peixe por não prever a segunda etapa da fuga? Posso rejeitar seu plano como falho por ir só até metade da liberdade? Tinha como ele saber o que aconteria na frente antes de chegar lá? Era obrigatório a ele conhecer todas as possibilidades e variabilidades de seu empreendimento? No final quem escapou “liso” não foi quem ficou de fora do plano? essas e mais uma dezena de perguntas me vêem à mente enquanto rio da cara de “e agora?” dos pobres peixes.

Se isso aqui fosse um MBA, a resposta para todas elas seria um sonoro sim!!! Você tem que calcular riscos, lucro, gastos, e prever resultados, pontos fortes, pontos fracos, concorrência, definir metas e propor avaliações e controle. Você tem que saer onde está pisando!! Mas isso não se aplica ao campo da fé.

Entretanto em nome da fé, muitas vezes a obra de Deus foi feita de forma relaxada, imprudente e equivocada. Em nome da fé, muitas vezes nos acomodamos com nossos aquários e a ração diária que nos chega. Em nome da fé, muitas vezes negamos a imensidão do mar que está bem ao nosso lado. Em nome da fé, perdemos de experimentar o sobrentatural de Deus acontecer bem diante de nossos olhos quando nossas forças humanas se esgotam.

Enfim, tudo o que me vem finalmente à mente é a “agri-doce” coexistência entre excelência no planejamento estratégico humano e imprevisível e constante soberania divina. Saber desfrutar de ambas é o meu desafio.

sábado, 10 de abril de 2010

Carta ao Senhor Diretor do Curta Premiado



São Paulo, maio de 2009.


Caro Senhor Jorge,

Exatos vinte anos após a produção de seu filme, é triste notar que algumas coisas não mudaram, enquanto outras pioraram e muito pouco melhorou... Entretanto, existe algo que é eterno.. Já existia naquele tempo e muito antes dele... e o será para sempre.

Tenho que concordar com sua indignação, com sua ironia e acidez na descrição dos valores, relacionamentos e funcionamento do mundo. Porém não posso concordar com sua conclusão, apresentada inversamente na introdução, de que diante dos fatos é óbvio que Deus não existe.

Em todo seu argumento fica muito claro que no fim o que de fato não existe, é liberdade e oposição!

Não somos livres de injustiça, não somos livres de nossos iguais, não somos livres de nós mesmos. Estamos presos aos nossos desejos, subjugando outros desejos, e incapazes de nos opor em qualquer instância a ponto de mudar o que quer que seja.

Nada do que tanto nos indigna no filme pode ser atribuído à presença ou ausência divina. É tudo obra humana. Todas as desgraças tão empiricamente descritas em seu filme são humanas.

O que nos sobra de liberdade é exatamente o que nos trai ao nos fazer sucumbir às nossas vontades que são injustas e destrutivas. Neste sentido não há como acusar a Deus de ser cruel por nos deixar livres, ou simplesmente de não existir apenas porque assistimos diariamente aos efeitos da liberdade humana.

Se o senhor, simples criatura, se indigna tanto diante da crueldade humana, imagine o Criador do universo assistindo a destruição de sua obra? Não há como negar a imensidão do amor expresso pela liberdade oferecida ao homem de agir sobre a criação mesmo que a revelia do criador... A liberdade humana não prova a inexistência de Deus senão seu amor imensurável de suportar assistir a essa destruição para preservar a liberdade.

Não posso lhe afirmar a existência do Eterno, mas com certeza, os fatos não provam a inexistência de Deus. Provam apenas a ineficiência do homem como criatura suprema sobre toda criação.

Que um dia possamos de verdade ser livres e opositores.

Celinda.

terça-feira, 30 de março de 2010

Desafios da Missão Contemporânea - reflexões de aula

Os desafios da missão contemporânea passam, antes de tudo, por uma necessidade de definição de si mesma, para só então cumprir seu papel e alcançar as necessidades do mundo atual.

Somos diariamente bombardeados pelos veículos de comunicação (especialmente aqueles tediosos pps) por imagens mensagens e convites à gratidão, atenção com quem está perto, superação, esperança, otimismo, perspectiva, ativismo, falta de tempo e avaliação pessoal de como gastei meus dias, esforços, mente, corpo, vontade, tempo etc..

Em uma sociedade pautada pela produtividade e competitividade, falar de qualquer coisa que não seja excelência numérica e (ironicamente) individualidade, soa, no mínimo, como idealismo ingênuo, para não dizer manipulação alienante.

Mas ao mesmo tempo em que não tem se vivido a coletividade ou integralidade do relacionamento social, cultural e espiritual, deixados como ordem desde o princípio, nem na igreja nem fora dela, observa-se no mundo em geral um retorno para tal, um grito por estas questões.

Acredito que estamos em um momento muito interessante, onde o próprio mundo tem clamado específicamente pelo cumprimento da missio Dei. Estamos vivendo um período de grande despertamento espiritual, social e cultural. As pessoas tem buscado desesperadamente desenvolver estes aspectos, embora buscando em lugares equivocados, e a igreja tem se mantido silente.

Este é o século da ecologia, do desenvolvimento sustentável, da tecnologia, do ‘boom’ de religiões (especialmente as orientais), da terapia e dos livros de relacionamentos e auto-ajuda, das ONG’s e da ajuda humanitária. O mundo parece estar “cumprindo” da forma que pode a missio Dei, mesmo sem nem saber o que é isso.

O triste, é a igreja não reconhecer tudo isso como parte dela, mas afirmar que está separada disso por não serem celestes, por serem apenas "do mundo"... afff... onde vivemos afinal? na lua???
:-S